quarta-feira, 23 de abril de 2008

Alda

Era magra, nervosa, pequenina,
Um nadinha de gente. Assim custava,
E com razão, a perceber que estava
Génio tão mau em cousa tão franzina.

Bater sabia o pé, desde menina,
E a todo o que a servia, escravizava
Por modo tal, que o próprio a quem amava
Em breve maldizia a própria sina.

Tinha sempre de andar no estreito rego,
Que a sua mão lhe impunha com pavor,
De cabeça no chão, como um borrego;

Não dando ao desgraçado adorador
Um momento de paz, nem de sossego!...
Pois era a isto que chamava amor!


Fernandes Costa, «O Eterno Feminino»
Almanaque Bertrand, 1963

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