sábado, 18 de outubro de 2008

Confirmação e Pontuacão (10)


Restaurante O Santiago
67, R. das Portas de Santo Antão
1150 Lisboa 1150
Telefone 213 421 513


  • Desta vez, tem de ser tudo na base da memória e, devo confessar, já lá vão uns dias. Aliás, esqueci-me da factura, de maneira que também os comes e bebes (e respectivos preços) são "de cabeça"; só tenho aqui o talão do Multibanco e as más notícias começam por aí: 41,80 € para um jantarito fraquinho, duas cabeças, é um pedaço.
  • O sítio não é mau, se bem que a sala para os fumadores (pareceu-me ter outras duas, presumo que de sinal vermelho) seja nos fundos e, portanto, sem janelas.
  • O serviço é razoável, talvez um pouco "amigável" de mais, e o ambiente não tem absolutamente nada a assinalar: exactamente igual a milhares de outros sítios. A localização central, mesmo a meio da Rua das Portas de Santo Antão, convida mais o turista do que o lisboeta, pelo que também não seria de esperar comidinha muito caprichada porque, segundo a estranha convicção de alguns proprietários da restauração "turística", os estrangeiros são uma cambada de pategos que estão habituadíssimos a comer pessimamente. Ora...

Nada mais falso, como sabemos. O grande problema com este restaurante reside precisamente nos "morfes": os pitéus seriam apelativos, a julgar pelas designações (perna de borrego cabrito assada no forno e caldeirada cataplana de peixe à "Não Sei Das Quantas"), mas que venha o diabo e escolha qual o mais desenxabido.

A caldeirada "cataplana de peixe" (ou "peixe na cataplana", tanto faz) era uma espécie de caldeirada (ou peixada) metida dentro de uma cataplana, com uns pedaços de peixes variados lá dentro (variados, mas pouco) e com uma calda de refogado atomatado a fazer de molho; numa escala de 1 a 20, dou-lhe Medíocre Menos (5), e isto apenas com fins pedagógicos; a tomatada não tinha ponta por onde se lhe pegasse e a cataplana era só para fazer vista. Quanto à tal perna do tal borrego cabrito, bem, o que dizer? O mesmo que se diz geralmente de um jogador "tipo" defesa direito da selecção nacional de futebol: fraquinho, fraquinho, fraquinho. Ou seja, o raio do pernil estava rijinho, insossozinho, deslavadinho. Uma tristeza, enfim. Leva Medíocre (nem mais nem menos), aí um 7 bem medido.

Safou-se o vinho; se bem me lembro, um belo de um Grandjó, a merecer outros presigos e melhores condutos. Vá lá, bem fresco, salvou-se isso.

Pronto, pode-se fumar ali, pois pode. E é central, pois é. Mas é carote, olá se é. Não vale o preço, em suma.

Há sítios de comer que são mesmo abaixo de cão, o que não é o caso, mas este andou lá perto.

Isto aqui não é o das estrelas Michelin, nem coisa que se pareça, mas também não é o da Joana. Talvez tenha sido um dia mau do pessoal da cozinha. Mas nem todos somos turistas, nem todos somos "estrangeiros" e, principalmente, nem todos engolem sem pestanejar qualquer coisa feita à pressa e sem gosto nenhum.

Fumar no restaurante é bom, passar fomeca no intervalo dos cigarros é mau.




snap map

Esta apreciação, bem como a cotacão atribuída, resultam de uma única visita e constituem a expressão de uma simples opinião, devendo por conseguinte ser consideradas como isso mesmo, opinião num artigo de opinião.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Confirmação e Pontuacão - 9

"A Comidinha", restaurante onde se pode 'baforar'






A comidinha
Proprietário: Pedro Glória Domingues
Tipo: português,discreto e familiar
Localização: Lagos, Algarve
Dia de encerramento: segunda-feira
Formas de pagamento: numerário e Multibanco
Preço Médio: 20 a 25,00€
Área fumadores: exclusivamente fumadores
Estacionamento: fácil

  • Restaurante localizado numa zona residencial da cidade de Lagos, que prima essencialmente pela fabulosa cozinha tradicional portuguesa, cuidadosamente confeccionada pelas mãos da Graciete, também proprietária do restaurante.
  • O interesse do proprietário pelos cheiros e sabores de África, resultaram num acrescento ao menu de alguns pratos africanos, soberbamente cozinhados, como se da mão do mais exímio cozinheiro africano saíssem.
  • A cozinha regional não só tem origem no litoral algarvio, caso do peixe sempre fresco e cozinhado de diversas maneiras mas, de forma simples e saborosa, como também no barrocal algarvio, de onde saem pratos de carne de nos fazer crescer água na boca.

Peixe e mariscos: Garoupa, cherne e pargo grelhados, raia cozida no caldo com legumes ou frita com arroz de tomate, ovas cozidas, ensopado de pata-roxa, arroz de tamboril, massa de peixe, canja de peixe-galo ou de abrótea, cherne ou pargo na caçarola, moqueca de tamboril ou de camarão, caril de camarão, choquinhos fritos à algarvia, feijoada de búzios, salada de polvo, de lulas ou de ovas, carapaus alimados, raia de alhada, moreia frita, mexilhão ou amêijoas à Bulhão pato.

Carne: dobrada com feijão branco, grão com rabo de boi, rabo de boi em vinho tinto, coelho em vinho tinto, moamba de galinha com pirão de milho, cabidela de galinha, língua de vaca estufada, chambão de vitela, vitela à jardineira, bochechas de porco à casa, carne de porco com amêijoas, iscas de vitela à portuguesa, ensopado de borrego, favas à portuguesa, presas de porco à casa, medalhões de lombinhos de porco e bife do lombo na frigideira.

Doces: variados doces algarvios e uma mousse de limão com canela de comer e chorar por mais.

Outros pratos são confeccionados dependendo das estações do ano, da imaginação dos proprietários e dos produtos frescos disponíveis, já que o segredo deste restaurante é, sem dúvida, a criteriosa escolha dos produtos, tanto em frescura como em qualidade.

Para finalizar, a garrafeira da Comidinha é, sem dúvida, uma das melhores do Algarve. Entre vinhos tintos, brancos, espumantes e champagnes, todos eles servidos nos copos adequados, tem cerca de 1.050 referências.

Vale a pena fazer uma visitinha à Comidinha, pela comida, bebida, ambiente e por poder ‘baforar’ à sua vontade.


Crítica de: Maria João.

Esta apreciação, bem como a cotacão atribuída, resultam de uma única visita e constituem a expressão de uma simples opinião, devendo por conseguinte ser consideradas como isso mesmo, opinião num artigo de opinião.




snap map

Imagem surripiada no Barlavento Digital

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Um homem, um destino

Paul Newman

Morreu um homem.

Desde que esse homem morreu, por entre epitáfios vários e justificadíssimas homenagens recordando-lhe a carreira e os méritos, não faltou a asinina referência ao facto de ele ter sido toda a vida um fumador inveterado. O que significaria, evidentemente, que aquele homem morreu por causa do tabaco. Coitadinho, portanto. E "é bem feita", presume-se, pensarão alguns.

Vejamos.

Nasceu em 26 de Janeiro de 1925 e faleceu no passado dia 26 de Setembro. Ou seja, esteve vivo durante 83 anos, faltando-lhe apenas 4 meses para ter chegado aos 84.

Isto representa 1.002 meses ou 4.366 semanas. Enfim, foram exactamente 30.559 dias de uma vida bem preenchida e também, sim, cheia de belas fumaças.

As alminhas que se dizem caridosas pretenderiam por certo que, se o desgraçado tivesse largado o vício, algures no seu passado, por certo chegaria aos 100, aos 110 anos, se calhar mais ainda.

Não há paciência. Deixem-no em paz, caramba!

Ao menos desta vez, houve alguém que viveu bem e muito; morreu de velho, com dignidade. Nada de mais simples e de mais natural.

Ao menos desta vez, o tabaco não teve nada a ver com as leis da Natureza, com a vontade de Deus, com o destino de cada qual.

A não ser que inventem a cura para a morte, a não ser que descubram a fonte da eterna juventude, ao menos desta vez larguem este cadáver, ao menos este, de alguém que está mais vivo do que nunca.