sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

O combate ao tráfico de nicotina


http://www.youtube.com/watch?v=nCs4yMXs1is

Descobri este vídeo através de um blog chamado Tabacaria, nem de propósito. Ambos, vídeo e blog, estão em Francês, mas algo me diz que têm tudo a ver com Portugal. Um por causa dos autores e do assunto, o outro apenas devido ao assunto.

Porém, ao contrário dos autores do blog e dos autores do vídeo, eu cá não achei piada nenhuma à coisa. Trata-se, afinal, de um simples retrato com o seu quê de futurista daquilo que, mais tarde ou mais cedo, acabará por suceder e que, afinal, bem vistas as coisas, já acontece por aí - não de forma tão escarrapachada e flagrante, não tanto assim, mas lá chegaremos. É uma questão de tempo, repito, e não há-de ser tanto quanto isso. É só esperar para ver, e quanto mais sentados esperarmos, mais depressa esse "lindo" futuro chegará.

Sinais não faltam, à nossa volta: o antitabagismo militante é já hoje uma profissão de fé e um verdadeiro entretém, mesmo a calhar para brigadas de ociosos vários, desde as oficiais, fardadas ou à civil, às informais, constituídas por jovens maníacos da saúde e da cruz suástica, ou às ainda mais informais, as do chamado "homem da rua", a turba ignara sedenta de sangue que não sabe o que fazer ao ódio que sente a tudo o que mexe. Isto para já não falar dos velhinhos e velhinhas cuja última réstia de esperança de redenção e vida eterna reside no massacre sistemático, o extermínio, a erradicação daquilo que julgam ser a raiz de todo o mal: não havendo já demónio, em pessoa ou em sentido figurado, nem bruxas, nem comunistas, nem sequer fascistas, pois então arranje-se qualquer coisa, o fumadorzito, esse malvado, serve perfeitamente.

Não, não tem gracinha nenhuma, aquele filme. Se é humor, é negro como "piche". Nós, fumadores, não vamos ser perseguidos, no futuro, como dantes o eram os consumidores de drogas ditas "duras"; nós já somos perseguidos, escorraçados, insultados, diminuídos, desconsiderados, descriminados, multados; podemos mesmo ser encarcerados, se "desobedecermos" à autoridade ou se à autoridade apetecer meter-nos na pildra; e é já hoje também que os consumidores de drogas duras, heroína, cocaína, anfetaminas, todas as merdas que se possa imaginar, são protegidos pelo Estado, financiados, acarinhados, dão-lhes sítios para chutar na veia, dão-lhes "kits" com seringas, e limãozinho e colher p'ró caldo, e ainda, para mais brinde, toma lá uns preservativos e um tubozinho de lubrificante, pronto, coitadinho, drogadito, vá lá, a bem da nação, despacha-te.

A insanidade tomou o Poder, é certo. Seria talvez de boa política tentarmos, nós outros, ao menos conservar um módico de juízo.

Aquilo é um documento. Mas não é engraçado, porra.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

El Pino a pino


http://www.youtube.com/watch?v=qREkvLzu_dU

Este restaurante estava em território português, a 3 km da fronteira espanhola. Os espanhóis vinham cá comer e beber, deixar receita e impostos. A ASAE fiscaliza colheres de pau, tábuas de plástico, lavagens de casa-de-banho quatro vezes por dia, coisas estranhíssimas e importantíssimas e ainda, é claro, o cigarrito da ordem.

Os proprietários do restaurante mudaram-se para Espanha e estão agora a 7 km da fronteira, mas do lado de lá. Ainda por cima, e à boa maneira espanhola, ali pode-se fumar à vontade.

Os portugueses, se quiserem, que se desloquem agora e deixem ao governo espanhol os seus impostos. Não apenas os impostos dos belos petiscos, das belas comidinhas, da bela cozinha que lá se continua a fazer sem qualquer entrave, como os impostos da estupidez, os encargos da boçalidade, os entraves da cegueira e ainda os incómodos da mais pura e dura imbecilidade.

Portugal arrisca-se a transformar-se no mais higiénico e purista dos desertos, livre de todo o mal e de todo o fumo, sem um único restaurante para fumadores mas também sem um único restaurante ou, em última análise, sem seja o que for, em suma, um sítio lindo para os senhores inspectores da ASAE jogarem à bisca lambida uns com os outros ou, quem sabe, para se inspeccionarem mútua e detalhadamente.

O mapa do fumador acaba de se internacionalizar, por conseguinte. A localidade de El Pino entrou no mapa do Portugal fumante. Se alguém souber o nome do restaurante, o endereço exacto e o número de telefone do estabelecimento, o pessoal dos puros agradece.


Exibir mapa ampliado

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Arqueologia da fumaça - II

Houve aí um vizinho que recebeu uma visita estranha: alguém googlou quantos maços de tabaco são precisos para matar uma pessoa e foi, sabe-se lá por que bulas, parar àquele blog.

Pois bem, resolvi fazer as contas ao meu caso particular. Assim por alto, nada de científico, bem entendido.

Ora bem. Comecei a fumar, por brincadeira, aí por volta dos seis ou sete anos. Não conta. Até aos doze ou treze, talvez, era assim uma coisa esporádica, de vez em quando, meio às escondidas; portanto, está fora, é melhor nem contar com isso. Mas pronto. Vamos apontar aí para os quinze ou dezasseis como a idade em que de facto comecei a fumar todos os dias, sistematicamente, pelo menos um maço por dia. Tenho a certeza absoluta de que em 1977 já fumava mais do que isso diariamente. Aos 20 anitos, já andava alegremente na média de 2 maços por dia. Aos 30, 3 maços. E ainda hoje, quase aos 50 de idade, a coisa ainda anda por aí.

Vamos, por conseguinte, arredondar as contas, a ver se facilitamos os cálculos ao tal senhor que pretende saber "quantos maços de tabaco são precisos para matar uma pessoa".

Então, temos: 30 anos, são 10.950 dias. A 2 maços por dia, dá um total de 21.900 maços. Isto vem a dar o bonito número de 438.000 (gramas ou cigarros), o que equivale, arredondando, a 438 quilos!

O que significa estar aqui este vosso amigo, não tarda nada, já praticamente sepultado debaixo de quase meia tonelada de maços de tabaco, o que, note-se, seria chato se não fosse cómico. Ou trágico, se olharmos aos números por outro prisma, o económico: de facto, se multiplicarmos o número de maços consumidos até hoje pelo preço facial actual, chegamos a uma cifra que daria para adquirir, por exemplo, um bom carro ecológico, uma casita na zona J de Chelas, ou uma piscina repleta de leite de burra (65.700 € dão para muita merda), com a agravante de que não teria enchido a mula aos gulosos do fisco, no processo, ao longo deste tempo todo.

Mas enfim, seja pelas alminhas, eu cá andava há que tempos curioso, e agora pronto, aqui fica o depoimento, aqui ficam as continhas. Que ninguém diga doravante que não sabe quantos maços de tabaco são precisos para matar um homem. São cerca de tantos, vezes xis, a multiplicar pela altura do homem, vezes a raiz quadrada da idade do pai da tia do dito homem, a dividir pelo número de beatas que o gajo consegue contar num cinzeiro cheio. É facílimo de calcular, como se vê. Ou é isso, ou então é encher uma caixa de chumbo com maços de tabaco, içá-la com um guincho ao alto de um prédio, meter um homem por baixo do guincho e largar a caixa lá do alto para cima do dito homem. Aí, é garantido. Pum. Morreu. Foi do tabaco.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

História do fumo I - Arqueologia da fumaça

(...)
Quando não estava no Laboratório estava na Biblioteca, na mesma cadeira, a que enfrenta a porta de entrada da sala mais recolhida. Ao entrarmos na primeira sala fazia-se anunciar pelo aroma doce do fumo do cachimbo. De tons azulados desenhava
no ar figuras que os olhos acompanhavam, por vezes sonhadores.
Por detrás do fumo olhava para nós...muitas vezes...também doce. Outras vezes crítico ou irónico, mas sempre acolhedor, amigo, generoso e Professor.
(...)
Era o dia em que o Professor vestia a bata. Empunhava numa mão o cachimbo e na outra o martelo de reflexos e avançava para o doente. Quando começava a ouvir o relato da história apoiava o pé na trave lateral da cama, começava a carregar o cachimbo, calcava o tabaco e depois acendia o fósforo, lentamente. Por vezes ficava suspenso nas palavras do interno e deixava apagar o fósforo que acabava por arder num sacrifício inútil. Finalmente o fumo surgia como se fosse revelador de uma decisão interna, conciliar, que levava à formulação das hipóteses de diagnóstico. Eram bons momentos de ensino prolongados, por vezes, na biblioteca à procura da confirmação das hipóteses.


Excertos de «Prof. João Alfredo Lobo Antunes - Uns olhos por detrás do fumo», por Alexandre Castro Caldas, Director de Serviço de Neurologia do Hospital de Santa Maria, Lisboa; Professor Catedrático de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.
Publicação de Sociedade Portuguesa de Neurologia, Revista Sinapse, Maio de 2002.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Confirmação e Pontuacão - 3


Pizza na Brasa - Oeiras
Av. Pedro Álvares Cabral, 29
(perto da Estação C.P. de Santo Amaro de Oeiras)
2780 Oeiras
Telefone: 21 440 00 10
http://www.pizzanabrasa.pt/


snap map


  • Sala para fumadores: minúscula, espécie de sala-de-espera, logo à entrada de um espaço que, por acaso, tem pelo menos três salas independentes; cerca de 16 lugares, mas em apenas duas de filas mesas; ou seja, pode-se levar com gente na nossa mesa ou com os cotovelos das pessoas ao lado.
  • Instalações: uma treta; a "sala para fumadores" sequer é separada fisicamente; tem uma estante a meia altura, e é tudo. O resto das salas (para não fumadores) não têm nada que se possa comentar; bem, talvez o aspecto industrializado e cacofónico.
  • Serviço: mau, lento, caótico. Por coincidência, os empregados são quase todos, se não todos mesmo, brasileiros. O que não deixa de ser estranho, como já aqui referi; não é costume...
  • Preço de jantar (uma pizza média, para levar) para duas pessoas: 19,30 € Euros. Esperámos quase meia hora por dois lugares nas "baias" para fumadores; quando vimos que não havia hipótese, a não ser talvez lá pelas 5 da madrugada, levámos aquilo numa caixa de cartão e fomos comer para casa.
  • Ambiente: os fornos (daí a "brasa") ficam logo à entrada; ao fundo, umas casas-de-banho decadentes; entre uma coisa e outra, ao longo de um corredor, as tais três salas separadas; duas destas estavam absolutamente vazias; na terceira, junto à porta de entrada, e se calhar para misturar os diversos fumos, tudo cheio, frenético, aos berros; miúdos (filhos de fumadores e filhos de não fumadores) brincam às escondidas por tudo quanto é sítio, incluindo por baixo das mesas e por cima de cadeiras e sofás. Nos pouquíssimos lugares para fumadores, um par de amigas e três casais fumam, contínua, longa, lânguida e despreocupadamente, apesar de verem à frente dos seus irritantes narizes uma data de pessoas à espera de lugar.
  • Comida: na lista, a coisa dizia "pizza à transmontana". Bem, digamos que aquilo tinha tanto de "transmontano" como um pratinho de caracoletas assadas. Com a diferença de que as caracoletas são geralmente tragáveis e aquilo nem por isso; só à custa de muito "apetite" (eufemismo para fome canina) é que aquele pedaço de pão sem fermento e com uns restos por cima pode ser deglutido. Mesmo com a "maravilhosa" oferta de uma Coca-Cola e uma cerveja, ou seja, bebidas incluídas no preço da pizza, convenhamos que os quase 4 contos dos antigos me custaram bastante a pagar. Para detalhes mais tétricos, é aqui: a pizza estava fria, queimada num lado e crua no outro. Safou-se a Coca-Cola.

Não há muito, de facto, a dizer a respeito daquela casa. É um daqueles sítios onde nunca mais na minha vida porei os pés. Não saímos disparados porta fora, assim que vimos a confusão em que nos tínhamos metido, apenas porque não há praticamente mais nada para fumadores, nas redondezas, e já passava então das 10 da noite. Um horror. Algo próximo do pesadelo, se bem que muito apropriado para quem aprecia o género "cabaré da coxa", para quem gosta de anarquia, de comer mal e caro. Que também há disso, ou não estivesse ali tanta gente. Nada recomendável, por conseguinte, a fumadores em particular e a pessoas com um mínimo de gosto em particular. Este é, verdadeiramente, um sítio abaixo de cão.


Esta apreciação, bem como a cotacão atribuída, resultam de uma única visita e constituem a expressão de uma simples opinião do autor, devendo por conseguinte ser consideradas como isso mesmo, opinião num artigo de opinião.

Fumos privados, públicas virtudes

A Lei 37/2007 refere por dez vezes o termo "público", sob diversas formas e circunstâncias: atendimento directo ao público, instalações afectas ao público, venda ao público, área destinada ao público, transportes públicos, contributo público, serviços públicos.

Como (muito bem) diz a Associação de Bares e Discotecas da Zona Histórica do Porto (ABZHP), a mais do que evidente questão, a forma mais simplezinha de tornear os constrangimentos legais, no que diz respeito a fumar, é... fazê-lo em privado. Ou seja, se a "lei do tabaco" - no seu espírito (persecutório) e na sua letra (fundamentalista) - proclama como objectivo principal a protecção da "saúde pública", então não haverá nada a objectar - nem do ponto de vista legal nem, muito menos, do ponto de vista moral - a que os cidadãos fumem os seus cigarros e charutos em espaços privados. Se ainda não é proibido cada um fumar na casa de cada qual, e se podem ser legalmente constituídos espaços e associações sem fins lucrativos e de carácter privado, isto é, aos quais apenas os respectivos membros podem ter acesso, então fácil será concluir que não existe o mínimo entrave a que simples grupos de cidadãos se associem e criem os seus próprios espaços de convívio, privados e reservados.

Está tudo no tal étimo "público". Em havendo dúvidas, basta puxar de um dicionário:

«1. relativo ou pertencente a uma comunidade
2. relativo ou pertencente ao governo de um país, estado, cidade, etc.
3. que pertence a todos; comum
p. opos. a privado
4. que é aberto a quaisquer pessoas
5. sem carácter secreto; manifesto; transparente
6. universalmente conhecido
7. o homem comum, do povo
8. conjunto de pessoas; o povo de determinado lugar
9. conjunto de pessoas com características ou interesses comuns »
(Dic. Houaïss, 2004)

Na minha casa, pelo menos até ver, apenas entra o meu "público" privado, gente que eu sei não vai lá para me chatear a moleirinha. Quem me adentra a porta, já sabe que irá levar com uma fumarada homérica pela proa. Posso convidar quem eu quiser, quando quiser, como quiser, para umas cartadas até nascer o sol, para uma sessão de palheta até às quinhentas, para umas tainadas e se calhar umas copofonias valentes. Posso fazer tudo isso e muito mais, na minha própria casa e na casa dos meus amigos; ou podemos, nós outros, em não havendo já espaço para tanta gente, alugar um sítio para o efeito. Qual é o problema? O que têm a dizer, quanto a isso, aqueles que tanto se preocupam com a minha rica saudinha? Posso ou não posso?

Então?

E se, por mero acaso, eu não gostar de música em altos berros - como não gosto - e conhecer uma data de gente que não só mas também - como conheço - e, ainda por cima e também por mero acaso, um desses bacanos tiver dinheiro até dizer chega? Hem? Que me dizeis, vós outros, nesse caso? O tipo não pode alugar - ou mesmo comprar - um espaço, uma loja, um sítio qualquer para juntar os amigos? E, sendo todos nós fumadores, estando numa casa particular (onde, repita-se e vinque-se bem) o respeitável "público" não entra, então não podemos fumar ali à vontade? E se quisermos, por exemplo, transformar as nossas tertúlias periódicas em clube, com estatutos e tudo (ou sem eles, vem a dar no mesmo), como é? Algum problema?

O ridículo desta lei fica desde logo, por conseguinte, mais do que patente. A óbvia hipocrisia dos fundamentalistas, idem aspas, e pelos mesmos motivos; veremos o que irão agora inventar mais, na sua sanha cega contra a liberdade individual, no seu ódio feroz à diferença e aos pequenos prazeres da vida, na sua paranóia tóxica de raiz nacional-socialista, na sua maldade atávica, no seu sadismo travestido de altruísmo.

Como diriam os maoístas, nos idos de 70, que mil clubes privados floresçam! O associativismo deve avançar a todo o vapor! Em suma: o horizonte é fumarento, camaradas!

Declaração de voto, por assim dizer.
Se bem que entendendo as motivações, devo dizer que não me agrada nada a "artistice" legal que a referida ABZHP se prepara para lançar e, atrás dela, certamente, outro tanto farão as demais associações congéneres. Uma coisa é expor o absurdo desta lei grega (do Comissário grego da UE e do comissário grego português), outra bem diferente é "tornear" a dita lei com expedientes de legalidade duvidosa. Aquela do "sócio na hora" que, a troco de um Euro, terá direito a uma bebida grátis, bem, é um poucochinho rasca, para não dizer outra coisa. Acho perfeitamente que se ridicularize a lei e o legislador, acho pessimamente que se tente fazer passar as pessoas por parvas.
Mas enfim, paciência, talvez esse truque baixo esteja ao nível dos novos inquisidores. Pode até ser que nem isso entendam.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Confirmação e Pontuacão - 2


Cervejaria Portugália - Belém
Av. Brasília
Edifício Espelho D'Água
Lisboa
Telefone: 213 032 700/1 | Fax: 213 032 701
http://www.portugalia.pt/


snap map


  • Sala para fumadores: pequena, encalacrada nos fundos do (enorme) espaço, cerca de 20 lugares.
  • Instalações: excelentes, naquele sítio maravilhoso junto ao Tejo, cercado pelo espelho de água de Belém.
  • Serviço: bom, rápido e eficiente, dependendo da nacionalidade do empregado que nos tocar; se for tuga, evidentemente, é mais lento e embaraçado.
  • Preço de jantar para duas pessoas: 43 Euros
  • Ambiente: é mesmo "à Portugália"; muita gente, muito barulho, lista de espera com salinha à entrada, a condizer; os não fumadores esperam 10 minutos (pudera, com 90% do espaço total) e os fumadores aguentam-se à bronca até meia horita; não há, pelo menos que se perceba, nem TV nem "música" ambiente. Aleluia por isso.
  • Comida: aquilo é mais a despachar, e exclusivamente para desenrascar, uns bifes à casa e pouco mais. Bife à Portugália é o mesmo que Big Mac, no sentido de que a gente já sabe perfeitamente aquilo que nos espera. Não há muito a comentar sobre aquelas coisas: é tudo muito poucachinho e muito sempre a aviar, um escalopezito razoável (13,70 €), batatinhas idem, molho aceitável, um ovo a cavalo (1,60€), pronto, já está. A acompanhar, uns "finos" à lisboeta, ou seja, "não há Super Bock, só Sagres". Chiça. Vá lá, a imperial preta bebe-se menos mal. Já o "creme" de camarão (2,45 €), logo de entrada, aguado e desenxabido, tinha servido mais ou menos para prevenir e acamar, por assim dizer, ou seja, para literalmente ocupar espaço. Enfim. Com um pudinzito "flan" (vulgar, 1,85 €) e uma mousse de chocolate (razoável, 2,55 €) mai-lo pãozito e um café, ok, toma lá 45 €, já c'a "gorja", e 'tá no ir.

Esqueçamos o troglodita ocasional que, enquanto esperava vez à porta, atirou com uma beata para dentro do espelho d'água; vamos também dar de barato a barulheira insana que toda aquela gente produz enquanto emborca as suas pratadas de marisco de aviário e os seu bifes normalizados. Sejamos minimamente condescendentes com o novo-riquismo pelintra e coçado de tudo aquilo. Ter tido a Portugália a "coragem" de admitir fumadores, ter-nos concedido essa extraordinária benesse, ainda que em ridiculamente diminuta percentagem, bem, só isso merece o nosso aplauso e o nosso mais sincero reconhecimento. Um furo acima de cão parece-me justo, por conseguinte. Até não é má cotacão, vendo bem as coisas.


Esta apreciação, bem como a cotacão atribuída, resultam de uma única visita e constituem a expressão de uma simples opinião do autor, devendo por conseguinte ser consideradas como isso mesmo, opinião num artigo de opinião.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Local do crime

desenho de Raim

Desenho de Raim

Publicação autorizada pelo autor.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Confirmação e Pontuacão - 1


Restaurante Casa da Dízima
R. Costa Pinto, 17
Paço d'Arcos
2770-046 Oeiras
http://www.casadadizima.com/


snap map

  • Sala para fumadores: excelente, ampla, cerca de 20 lugares.
  • Instalações: excelentes, casa antiga muito bem recuperada, restaurada e modernizada mantendo a traça original.
  • Serviço: excelente, profissional, rápido e seguro.
  • Preço de jantar para duas pessoas: 84 Euros
  • Ambiente: existe outra sala, separada e maior, para não fumadores, e ainda um bar independente (com televisão, iach!); nem ali se teve a coragem de suprimir de vez a maldita música ambiente, muito baixa, é certo, mas ainda assim, digo eu, dispensava-se.
  • Comida: os pratos são pré-guarnecidos, logo, por exemplo, o esparregado que acompanhava o bife estava, além de frio, já ligeiramente oxidado; as batatas fritas eram demasiado regulares e farinhentas para não serem pré-cozinhadas; o molho de pimenta estava também frio (seria talvez por causa do ar-condicionado/extractor de fumos...) e os grãos de pimenta estavam demasiado "crocantes"; o bife (19 €), propriamente dito, era de boa qualidade; quanto ao peixe-galo (19 €) (apenas provado), estava muito bom, para quem aprecia coisas mais exóticas. A sobremesa (crepe de figo, 5 € e "crème brûlée", 6 €) é que mereceriam 20 valores, se aquilo fosse um Liceu dos antigos e não um restaurante dos modernos. A carta de vinhos é enciclopédica; valeu um extraordinário Luís Pato (19 €), Beirão, honrado e sem comprometer.

Contando com o pão (bom), as azeitonas (idem), água, chá e café, numa relação de preço/qualidade, e atendendo principalmente ao facto de o ambiente (tirando a maldita música) ser agradável, a apreciação global até não é má; não fosse o "pormenor" da comida, a comidinha, aquilo que define um restaurante, e a coisa iria certamente uma ou mesmo duas estrelitas mais para cima. Com fumadores que não incomodam ninguém e com não fumadores que estão suficientemente longe para não serem incomodados, tudo visto e considerado, dois furos acima de cão parece-me justo.


Esta apreciação, bem como a cotacão atribuída, resultam de uma única visita e constituem a expressão de uma simples opinião do autor, devendo por conseguinte ser consideradas como isso mesmo, opinião num artigo de opinião.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Porquê?

Porque sim, talvez. Um cigarro é uma estupidez necessária, como um trovão, um desatino, a pateada de um cavalo ou a chuva no Verão.
Porque há ocasiões em que não resta mais nada. É o que sobra quando não sobra coisa alguma. É o último pedido, o ritual derradeiro, aquilo que ainda é permitido, por fim, por exemplo, a um homem que vai ser fuzilado. É o prazer absoluto de quem vai morrer daí a pouco, para abreviar.
Porque se torna necessário, e urgente, e indispensável, quando já nada mais faz o mais ínfimo dos sentidos, e também porque idem idem aspas aspas em situação inversa ou no seu contrário. É o refúgio breve do guerreiro exausto, é a trégua unilateral do soldado, é a terra de ninguém individual, pessoal e intransmissível, é um pouco de ordem no caos do quotidiano, é um excesso delicioso na bovina passividade da urbe frenética, esfíngica, horrorosa.
Porque fumo? Fumo, porque é bom. Porque gosto. Porque é uma companhia sólida. Porque nunca falha.
Ou seja: porque sim, sem dúvida.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

O Mapa do Fumador no... e no...

... Jornal da Madeira

http://fumador.cedilha.net
Este site é uma espécie de mapa para o fumador português. Nesta página encontra os restaurantes, cafés e casinos onde pode fumar, bem como as especificidades dos locais.


... Jornal Nova Guarda
Está disponível na Internet um mapa com locais onde é permitido fumar em Portugal. O site mostra cafés, restaurantes, bares e hotéis onde há salas dedicadas aos fumadores.

A lista conta já com cerca de duas centenas de locais onde não existem avisos vermelhos a impedir a entrada a fumadores, onde o vício é permitido. O número pode crescer a cada dia, até porque no site é pedida a colaboração de quem o visita para actualizar a informação.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Mensagem anónima

Mensagem do Além

Alerta vermelho

desenho de raim's blog; click para ampliar

Raim's Blog

Reprodução autorizada pelo autor.