segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Sugestão de disfarce carnavalesco

Não está nu. Não emite fumo. Julgo não ser censurável.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Fumar dá asas?

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Museu Bogart



quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Museu da impaciência


E deito um cigarro meio fumado fora
Para irremediavelmente acender um novo cigarro

Impaciente até à angústia,
Como quem espera numa estação dos arredores

O comboio que há-de trazer ah tão talvez, quem talvez venha



Álvaro de Campos - Livro de Versos . Fernando Pessoa. (Edição crítica. Introdução, transcrição, organização e notas de Teresa Rita Lopes), Lisboa: Estampa, 1993


Imagem de Nuno Manuel Baptista

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

JPG como DJ

A Wordpress bem tenta lixar a vida aos utilizadores, mas há sempre maneira de dar a volta ao "texto", como se vê com este caso.

Com que então, era impossível publicar o "widget" da Blip.fm, hem?

Pois aí está ele.




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[Isto é repetido do Baforadas backup/mirror, em http://baforadas.wordpress.com, e vem a propósito de um comentário a este post do Apdeites.]

Museu da tabacaria

(...)
Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.

Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.


Excerto de "Tabacaria" de Álvaro de Campos, 15-1-1928

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Museu das baforadas






Ao cigarro


Cigarro, minhas delícias,
Quem de ti não gostarás?
Depois do café, ou chá,
Há nada mais saboroso
Que um cigarro de Campinas
De fino fumo cheiroso?

Cigarro, quanto és ditoso!
Já reinas em todo mundo,
E esse teu vapor jucundo
Por toda parte esvoaça.
Até as moças bonitas
Já te fumam por chalaça !...

Sim; - já por dedos de neve
Posto entre lábios de rosa,
Em gentil boca mimosa
Tu te ostentas com vaidade.
Que sorte digna de inveja!
Que pura felicidade!

Anália, se de teus lábios
Desprendes subtil fumaça,
Ah! tu redobras de graça,
Nem sabes que encantos tens.
À invenção do cigarro
Tu deves dar parabéns.

Qual caçoula de rubim
Exalando âmbar celeste,
Tua boca se reveste
Do mais primoroso chiste.
A tão sedutoras graças
Nenhum coração resiste.

Embora tenha o charuto
Dos fidalgos a afeição,
E do conde ou do barão
Seja embora o favorito;
Mas o querido do povo
Es tu só, meu cigarrito.

Quem pode ver sem desgosto,
Esse charuto tão grosso,
Esse feio e negro troço
Nos lábios da formosura?...
E uma profanação,
Que o bom gosto não atura.

Mas um cigarrinho chique,
Alvo, mimoso e faceiro,
A um rostinho fagueiro
Dá realce encantador.
E incenso que vapora
Sobre os altares de amor.

O cachimbo oriental
Também nos dá seus regalos;
Porém nos beiços faz calos,
E nos faz a boca torta.
De tais canudos o peso
Não sei como se suporta!...

Deixemos lá o grão-turco
No tapete acocorado
Com seu cachimbo danado
Encher as barbas de sarro.
Quanto a nós, ó meus amigos,
Fumemos nosso cigarro.

Cigarro, minhas delicias,
Quem de ti não gostará?
Certo no mundo não há
Quem negue tuas vantagens.
Todos às tuas virtudes
Rendem cultos e homenagens.

És do bronco sertanejo
Infalível companheiro;
E ao cansado caminheiro
Tu és no pouso o regalo;
Em sua rede deitado
Tu sabes adormentá-lo.

Tu não fazes distinção,
És do plebeu e do nobre,
És do rico e és do pobre,
És da roça e da cidade.
Em toda a extensão professas
O direito de igualdade.

Vem pois, ó meu bom amigo,
Cigarro, minhas delícias;
Nestas horas tão propícias
Vem dar-me tuas fumaças.
Dá-mas em troco deste hino,
Que fiz-te em ação de graças.

Rio de Janeiro, 1864
Bernardo Guimarães (1825-1884)


Imagem de The CellarLight

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

E pode ser cigarreira


Um Ipod estragado pode ainda acondicionar os cigarros em perfeitas condições de segurança. A isto chamo tecnologia limpa e reciclável.