sábado, 31 de maio de 2008

Os 10 mandamentos do fumador

1. Não impingirás o teu fumo ao próximo (ou à próxima).
2. Não acenderás um cigarro assim que acordas.
3. Não fumarás um cigarro até ao filtro.
4. Não pegarás no isqueiro antes de acabar a tua refeição.
5. Não aproveitarás beatas (nem pessoas muito religiosas em geral) para matar o vício.
6. Não frequentarás restaurantes exclusivamente para não-fumadores.
7. Mandarás à merda quem te chatear por fumar em esplanadas, e assim.
8. Tentarás deixar de fumar assim que te for declarado um cancro terminal, ou outra coisinha má do género.
9. Não te armarás em parvo(a), aspirando o fumo com violência, como se não houvesse amanhã.
10. Cagarás de alto e fresco nas parvoíces dos Macabros Correia desta vida.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Gripe dos Sousas

Gripe obriga José Sócrates a receber assistência hospitalar [...] até ironizou sobre o assunto

[01’00’’] «Estou óptimo, e quero garantir o seguinte: é que o médico nada me disse, sobre se esta gripe era consequência de alguma síndrome de abstinência, relativamente ao facto de há 5 dias não fumar»
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O médico não disse, porque não havia nada a dizer sobre esta estranha ligação, a menos que o próprio doente colocasse essa hipótese. Nesse caso, o médico expunha a impossibilidade da cessação tabágica originar uma gripe, e sempre podia encaminhar o caso para a Psiquiatria, e aí, a panóplia de diagnóstico seria infindável, não para a gripe, mas quiçá para a perturbação mental.



Se não visualizar o vídeo, click AQUI

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Nota:

Critérios de diagnóstico para 292.0 ABSTINÊNCIA DE NICOTINA [F17.3]

A. Utilização diária de nicotina durante, pelo menos, várias semanas.
B. Interrupção abrupta da utilização de nicotina ou redução da quantidade de nicotina utilizada, seguida nas 24 horas seguintes por quatro ou mais dos sinais seguintes:
(1) humor disfórico ou deprimido;
(2) insónia;
(3) irritabilidade, frustração ou raiva;
(4) ansiedade;
(5) dificuldades da concentração;
(6) inquietação
(7) diminuição da frequência cardíaca;
(8) aumento do apetite ou ganho ponderal.
C. Os sintomas do Critério B causam sofrimento clinicamente significativo ou défices
no funcionamento social, ocupacional ou de outras áreas importantes.
D. Os sintomas não são devidos a um estado físico geral ou a qualquer outra perturbação mental.

In American Psychiatric Association (2002) Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais. DSM-IV-TR, 4ª Ed., pág. 266. Lisboa, Climepsi Editores.

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Este post foi também publicado no CC&Cª.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Lobo Antunes, fumador


http://www.youtube.com/watch?v=_I-M5HQBn9s

Disclaimer
Deus me livre de ter a mais ínfima admiração pela escrita de António Lobo Antunes. Desde já declaro, expressamente e por extenso, que embirro solenemente com tal personagem. Porém, o simples facto de ele ter puxado de um ou vários cigarros num evento público é, só por si, merecedor de alguma admiração pessoal.

Nota
Este vídeo vale pelos primeiros 10 segundos. No resto, é a habitual (e enjoativa) bajulação - de povinho, circunstantes, basbaques e deslumbrados intelectualóides - ao putativo, relativo, expectante e (felizmente) nunca premiado Nobel da Livralhada.

domingo, 25 de maio de 2008

Enfarte! E agora?



Recebido por e-mail

sábado, 24 de maio de 2008

Confirmação e Pontuacão - 8


O Faustino
8B, R. A Gazeta de Oeiras
2780-171 Oeiras
telefone 21 441 77 47
Encerra ao Domingo.


snap map

  • Duas salas separadas por porta; de decoração, nada de especial a assinalar. Mas: guardanapos de pano; televisão desligada (na sala para fumadores, na outra, pimba); bom serviço, rápido e atencioso.
  • Tem janelas, mas pouco se vê das ditas... e, se se visse, naquele sítio, digamos que a paisagem não seria lá grande coisa. Definitivamente, aquilo é um sítio para se comer, não para ver as vistas.
  • Não tocamos nas entradas (presunto, com bom aspecto), porque já me tinham dito que ali as doses não são para piscos. Para mim, bife de carne argentina ("Angus", 11,50 €); pareceu-me boa escolha, não sei bem porquê; para ela, "tachinho de gambas com ameijoas" (11,90 €); também não sei porquê, pareceu-me má escolha, mas cada um é como cada qual. e vice-versa. Isto tudo regado com um excelente Cartuxa (uma marca de que já não recordo o nome, ao certo), que se fez pagar com 10 euritos, mais um leite-creme (bera, 2 €) e um só café, tudo junto deu 36,20 €. Nada, mas mesmo nada, mau!

Este restaurante vale essencialmente por aquilo que é a essência, mais do que evidente, de qualquer sítio onde se come: a comida. Nisso, cinco estrelas, numa escala de roteiro Michelin. O tal bifinho Angus, mais acompanhamentos, em notas de zero a vinte merecia bem uns... 18; além da extraordinária qualidade da carne (20, porque não posso dar mais), o esparregado (de ervilhas?) estava excelente e as batatas eram... verdadeiras! Não provei o "tachinho", mas a minha companhia afiançou-me que a coisa merecia "um dez". Ora bolas. Bem, mas como eu conheço a sua tremenda esquisitice, e como sei perfeitamente que ela gosta é de luxo, aquele "um dez" vale, em circunstâncias normais, isto é, num sítio acessível, muito mais do que isso: talvez "um dezasseis" ou mesmo "um dezassete". Portanto, à moda dos testes, vem a dar "Muito Bom".

Eu cá, que como por regra munta poucachinho, despachei aquilo quase tudo (o restante foi ela quem aviou, e com elogios pródigos e um bocadinho proletários). Ora, portanto: uma sala exclusiva para fumadores, guardanapos de pano, bom serviço, um ganda bife e um vinhinho de se lhe tirar o chapéu... o que é que se pode querer mais desta vida?

Merece ou não merece o primeiro 4 estrelas deste "roteiro"?

Merece, é claro que merece. E recomenda-se.


Esta apreciação, bem como a cotacão atribuída, resultam de uma única visita e constituem a expressão de uma simples opinião, devendo por conseguinte ser consideradas como isso mesmo, opinião num artigo de opinião.

Ah, valente!

O movimento quer reunir cinco mil proprietários para lançar protestos a nível nacional. Nos últimos meses, Hervé tem perscrutado o país à procura de outros revoltosos como ele. Várias centenas de estabelecimentos tiveram de fechar as portas nos últimos meses. "Posso dizer que um em cada dois cafés nas zonas rurais não respeita a lei." Hervé vive também sob ameaça da Associação dos Direitos dos não Fumadores, que lançou uma verdadeira campanha de denúncias, em França, disponibilizando na sua página da Internet formulários para entregar à polícia. Em resposta, e sem temer ser politicamente incorrecto, Hervé insiste sobre os argumentos que justificam uma revisão da lei para manter o direito de um estabelecimento se definir como fumador ou não fumador. "Temos os nossos números. Se em 1951, quando 71% dos homens fumavam em França, havia 30 mil casos de cancro, hoje fumam cerca de 50-60% e os casos de cancro aumentaram para 103 mil. Ou seja, não existe uma relação directa entre o fumo e o cancro."

DN de Hoje, suplemento "Gente"



Anchre
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Alguém sabe se existe alguma coisa semelhante ao mapa do fumador em França? Ou, já agora, em algum outro país da Europa ou... do mundo? Estou farto de procurar e não encontro nada.

domingo, 18 de maio de 2008

Confirmação e Pontuacão - 7


Adega do Augusto
444, Estrada Principal
Rebelva
Carcavelos
telefone 214 570 145
Encerrado 4ª Feira ao jantar e 5ª Feira.


snap map

  • São três salas no total; as duas mais pequenas, contíguas, reservadas para fumadores. Lá de extractores (10 na sala mais pequena!) e de aparelhos de ar-condicionado, ninguém se pode queixar.
  • Decoração simples, até porque é tudo novo; o restaurante foi totalmente remodelado recentemente.
  • Existe uma televisão (com o som ligado) logo à entrada mas, se a gente se refugiar no fundo da 2ª sala, quase não se ouve aquilo.
  • Para um jantar de duas pessoas, e atendendo ao sítio em que estamos (não é propriamente a Côte d'Azur, se bem que esteja a apenas algumas centenas de metros de Carcavelos), não se pode dizer que cerca de 30 € não seja... barato.
  • Desta vez, foram exactamente 20,45 € porque um dos pratos (picanha, 9 €) não foi debitado. Já lá iremos, quanto a isso. O outro prato foi coelho guisado (8,50 €), muito razoável e, dado que felizmente as travessas são bem servidas em quantidade, acabou por quase chegar para os dois. Com uma boa entrada (polvo tradicional, 3,5 €), àgua mineral, vinho "da casa" (2,75 €, da região de Torres Novas, razoável), café e duas sobremesas: tarte de amêndoa (2 €) e um excelente leite-creme (2 €, produção local).

É sempre de louvar que alguém se continue a esmerar com o seu estabelecimento, apesar de todas as dificuldades impostas pela legislação, e em especial quando - como é o caso e até porque a proprietária não fuma - se preocupam com o conforto dos fumadores.

Além disso, a mesma proprietária, neta do fundador da casa, esmerou-se também no atendimento e na simpatia. Como a minha parceira de jantar não apreciou particularmente a picanha (deixou ficar mais de metade, apesar de estar "esganada" de fome), isso não nos foi debitado. Ora, já se sabe, ainda bem que assim foi; poupam-se chatices a toda gente e o restaurante, em vez de perder dois clientes, ganha esses e se calhar muitos mais. Provei a tal picanha e realmente estava mesmo "esquisita"; vamos, portanto, considerar que aquilo foi um pequeno incidente de cozinha, um azar; para a próxima será melhor com certeza.

Quanto mais não seja pelo investimento em equipamentos de exaustão, pela simpatia da neta do Senhor Augusto, pelos preços, pelas quantidades (e pelo leite-creme, não esquecer o leite-creme), este é um sítio a revisitar. Pode mesmo ser um bom local para refeições regulares, em especial para os fumadores que trabalham na zona de Carcavelos.

Não fosse o tal azar com a picanha e mais uma estrelazinha rolaria.

Mas assim, nada mau, hem?


Esta apreciação, bem como a cotacão atribuída, resultam de uma única visita e constituem a expressão de uma simples opinião, devendo por conseguinte ser consideradas como isso mesmo, opinião num artigo de opinião.

xkupelá

quinta-feira, 15 de maio de 2008

"Bom povo que lavas no rio"


http://www.youtube.com/watch?v=bqp9SGWKBsc

Palavras e expressões-chave: "acaba por ser mais vício do que outra coisa" (ah, a sério?), "assim que saem pra fora" (eu cá é mais entrar pra dentro, subir pra cima e descer pra baixo), "mastigo pastilhas ou penso noutra coisa" (filha, lá as pastilhas, ainda vá que não vá, agora pensar, cruzes canhoto), "acho qu'ele fez bem" (meu, tás c'uma moca de nicotina que não vês népia), "infringir a lei entre aspas" (e sem aspas, chavalo), "ele é a primeira pessoa de Portugal" (isso quer dizer que a Câncio é a 2ª pessoa? Do singular ou do plural?).

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Jura


http://www.youtube.com/watch?v=pQUbqi2i0xQ


Quando o combate aos malefícios do tabaco é uma preocupação central do Estado, está tudo dito sobre o Estado e sobre as suas prioridades.

Quando a decisão mais corajosa de um governante é deixar de fumar, está tudo dito sobre o governante, as suas decisões e a sua coragem.

Quando a característica principal das sociedades modernas é o desprezo pelo próximo, a preocupação que algumas pessoas manifestam pela minha saúde faz-me desconfiar fundamentalmente das suas intenções.

Quando um fumador diz que "vai" deixar de fumar, isso quer dizer que não vai. E pior ainda se, para anunciar Urbi et Orbi a sua "decisão", utiliza a complicadíssima expressão "decidi deixar de fumar". Bull.

«To cease smoking is the easiest thing I ever did. I ought to know because I've done it a thousand times.*»
Mark Twain

* "Deixar de fumar é facílimo, e sei bem do que falo: eu próprio já deixei de fumar mais de cem vezes" - Mark Twain
(tradução livre)

Este post foi também publicado no Apdeites.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Para memória futura

Sócrates e Pinho violaram proibição de fumar a bordo do voo de Lisboa para Caracas
13.05.2008 - 13h33 Luciano Alvarez, em Caracas

O primeiro-ministro, José Sócrates, o ministro da Economia e Inovação, Manuel Pinho, e vários membros do gabinete do chefe do Governo violaram a proibição de fumar no voo fretado da TAP que ligou Portugal e Venezula e que chegou às cinco horas da manhã de ontem a Caracas (hora de Lisboa, 23h30 na capital venezuelana). O assunto foi muito comentado durante o voo por membros da comitiva empresarial que acompanha Sócrates e causou incómodo a algum pessoal de bordo.

O supervisor do voo, a segunda autoridade a bordo logo após o comandante, disse não ter dúvidas de que era proibido fumar a bordo e, embaraçado, falou em “situações de excepção”. Um assessor do primeiro-ministro disse que “é costume” e que as pessoas [que iam a bordo] “não se importaram”.

O Airbus A 330 da TAP saiu de Lisboa às 21h00 de segunda-feira. O filme de segurança foi claro a explicar que aquele era um voo de não-fumadores, as luzes de proibição de fumar mantiveram-se acesas durante todo o percurso de oito horas e no folheto de segurança era também claro e explicado em letras garrafais a proibição.

Pelas 23h00, servida a refeição, alguns membros do gabinete do primeiro-ministro, que seguiam na traseira do avião, onde estavam também os jornalistas, começaram a dirigir-se para a frente da aeronave com maços de tabaco na mão. Falavam entre si no facto de “já se poder fumar”.

O local escolhido era a zona de serviço de pessoal de bordo, na parte da frente do avião que dividia a classe executiva, onde seguia o primeiro-ministro, os ministros e os secretários de Estado, da classe económica. Uma cortina junto à porta de emergência escondia os fumadores dos restantes passageiros. No local o cheiro a fumo era intenso. Um membro do pessoal de bordo aconselhava os fumadores a levarem copos com água para apagar os cigarros.

Atrás das cortinas

Embora escondidos atrás da cortina, os empresários que seguiam mais à frente podiam ver tudo. Pelas 23h30 foi a vez do próprio primeiro-ministro se esconder atrás da cortina e acender um cigarro. Voltaria lá mais uma vez, como o PÚBLICO pode ver, cerca de meia hora mais tarde. Entre alguns dos empresários ouvia-se em surdina frases de espanto e de critica. “O primeiro-ministro que restrigiu e bem o fumo em Portugal devia dar o exemplo. Isto é uma pouca vergonha”, disse ao PÚBLICO, ao abrigo do anonimato, um dos empresários que se mostrava mais agastado com a situação, explicando que estava ali “para tentar fazer negócios e não arranjar problemas”.

Com o avançar da noite as coisas acalmaram junto à “zona de fumo”. Pelas duas da madrugada o primeiro-ministro, membros do seu "staff" e alguns empresários reuniram-se em conversa junto à “zona” fumo, apesar de nesse momento e durante cerca de uma hora estarem acesas as luzes de obrigatoriedade de os passageiros se encontarem sentados e com os cinto de segurança apertados. Nessa altura, alguns já nem se escondiam atrás da cortina para fumar. Pelas 3h05 o próprio primeiro-ministro, que nesse momento falava com alguns gestores da industria farmacêutica, acendeu um cigarro à frente de todos, desta vez também sem se esconder atrás da cortina.

João Raio, supervisor do voo TAP, contactado pelo PÚBLICO ainda durante o voo, começou por dizer que aquele era “um voo fretado” e que “às vezes” aquelas situaçõs aconteciam. Questionado pelo PÚBLICO se era ou não proibido disse não ter dúvidas que era. “Às vezes há estas situações de excepção”. Contou então como as coisas aconteceram. “Algumas horas depois de o voo ter partido o ministro Manuel Pinho foi fumar. Ninguém me tinha perguntado se se podia ou não fumar. Fui falar com o comandante que não gostou da situação, mas que disse para arrranjar uma zona para fumar, se não ainda acabariam a fumar no 'cockpit'”.

Repetiu depois que nem ele não o comandante tinham dúvidas de que era proibido e revelou saber que já em outras ocasiões o primeiro-ministro tinha fumado em voos TAP: “Acho que até já li nos jornais.” Alguns jornalistas que habitualmente acompanham as viagens do primeiro-ministro confirmaram ao PÚBLICO que já não é a primeira vez que José Sócrates fuma nos voos.

Já em Caracas, o PÚBLICO confrontou Luís Bernardo, assessor do primeiro-ministro que acompanhou a viagem, sobre o facto e sobre as criticas que alguns empresários fizeram. “Já é costume. Já aconteceu em outras viagens. Ouvimos as pessoas que não se importaram”, afirmou. O PÚBLICO não viu, nem ouviu em nenhuma ocasião durante as oito horas de voo algum membro do gabinete do primeiro-ministro questionar fosse quem fosse sobre a possibilidade de se fumar a bordo, num voo onde foi sempre claro que tal era proibido.

O PÚBLICO viaja num avião fretado pelo gabinete do primeiro-ministro.
Jornal Público de hoje (este link será muito provavelmente temporário, daí a transcrição integral deste verdadeiro documento)
Via



São tão giros, não são? Eu cá acho muito bem que eles fumem no avião, ou onde lhes der na real gana. Também acho perfeitamente que grande parte dos restaurantes de luxo, ou de 1ª classe, tenha área para fumadores. E que haja excepções, sempre em função da "categoria" do dono dos pulmões que fumam.

Isto é apenas mais uma prova de que o antitabagismo militante se destina (não só, mas também) a manter à distância os tesos em geral e o povo em particular. Conheço bem, conheço de gingeira, a icterícia que a pobreza inevitavelmente provoca na burguesia... e principalmente na casta dos novos-ricos.

Note-se também aquela última frase, no artigo. É espantoso. Dizem eles que o jornal (ou seja, os jornalistas, os fotógrafos & etc.) "viaja num avião fretado pelo gabinete do primeiro-ministro". À borla, por conseguinte. Ou, melhor dito, à conta do contribuinte! Eles e todos os outros jornalistas, para já não falar da restante comitiva (incluindo 80 empresários), vão fazer turismo para a Venezuela à nossa custa, vão na calma e calmamente fumando e, ainda por cima, alguns deles "queixam-se" da fumarada a bordo e outros bufam quem vai a fumar. Caramba, que são mesmo uma cambada de ingratos!

domingo, 11 de maio de 2008

Belíssima

«Não vejo qualquer vantagem em morrer saudável.»
Constança Cunha e Sá, DN.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

quarta-feira, 7 de maio de 2008

História do fumo V - Versos

[…]
Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como a uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.

Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.
[…]

Excerto de "Tabacaria" (15/01/1928) de Álvaro de Campos

terça-feira, 6 de maio de 2008

1908

A melhor maneira de morrer


Muito se tem discutido este problema, ainda que nem sempre com abundancia de testemunhas, por motivos faceis de comprehender. Mas, geralmente, tendem todos a affirmar que as mortes violentas não são tão dolorosas como se julga, antes pelo contrario. Assim, um homem de sciencia, que estudou muito este assumpto, confirma, da maneira mais positiva, que é preferivel morrer queimado vivo, a morrer de uma pneumonia; que é menos doloroso cahir de um telhado, do que soffrer um ataque de diphteria; e que é mais suave a agonia da pessoa que morre de um tiro, do que a d'aquella que morre tysica.

O mesmo homem de sciencia diz o seguinte:

_ Ser queimado ou cosido vivo, não produz tormentos tão intensos como geralmente se imagina. Os soffrimentos mais crueis não são provocados pelos nervos da superficie do corpo, mas pelas perturbações de algum centro nervoso importante. Quando um individuo é queimado vivo, ou é morto por qualquer accidente repentino, os grandes centros nervosos não soffrem alteração dolorosa; a rapidez do accidente produz uma especie de torpor e de paralysia em todo o systema nervoso. A maioria das pessoas que cahem de uma grande altura, chegam ao chão sem sentidos. As victimas de desastres em caminhos de ferro, também não sentem quasi nada nos primeiros momentos. A morte mais dolorosa, que se conhece, é, seguramente, a produzida pelo tétano, porque affecta directamente os centros nervosos. Os musculos contrahem-se e formam nós, causando assim dores agudíssimas e espantosas. Não é possível imaginar horrores nem soffrimentos maiores do que os do infeliz que morre d'essa doença.
(...)
Os soldados, que são feridos gravemente n'uma batalha, dizem que a primeira sensação é a de uma pancada violenta, e que as dores não os atormentam senão passado algum tempo.

Nos casos de morte violenta e repentina, o soffrimento é mais moral do que physico, e o pensamento vôa com tanta rapidez que distrahe a attenção a ponto de fazer esquecer as feridas.

Sigrist, o famoso alpinista, que caiu de costas, do alto do monte Korpfstoch, diz:
_ Os momentos em que estive ás portas da morte foram os mais felizes da minha vida. Não perdi a coragem nem um só momento, nem senti a menor dôr nas innumeras feridas que recebi na minha queda pelo precipicio.

O professor Heim, o eminente geologo da Universidade de Zurich, corrobora a affirmativa de Sigrist. Esse professor cahiu tambem de uma altura de cem pés, no monte Santis, e, descrevendo as suas sensações, diz:
_ A minha queda durou só cinco ou seis segundos, mas precisaria, pelo menos, de duas horas, para poder referir todos os pensamentos agradáveis e todas as emoções que senti em tão curto espaço de tempo. Pensei no cognac que trazia no bolso, em um frasco, e no bem que me faria, se sobrevivesse à queda. Passaram-me pela mente todos os episodios gratos da minha vida, desde a meninice, e até me lembrei de partidas que tinha feito ha muitos annos. Depois, vi um ceu azul, magnifico, aberto para me receber. Tudo parecia sorrir-me. Parecia que fluctuava suavemente no espaço. De repente, senti uma pancada surda, e um veu negro cobriu-me por completo a imaginação. D'aqui deduzo, por experiencia propria, que as pessoas que morrem violentamente, expiram felizes e sem soffrimento. O sentimento que as domina é o da surprêsa, mas não desagradavel.

Se se examinarem as fisionomias de dez pessoas, que tenham morrido na cama e as de outras dez que tenham soffrido morte violenta, ver-se-ha que a expressão d'estas manifesta mais felicidade e mais serenidade que a das outras.

Aqui teem os leitores o que dizem os sabios. Uns procuram as regras de bem viver. Outros, as de bem morrer... É uma felicidade haver sabios!

Almach Bertrand n.º9, páginas 65/66, Lisboa, 1908


Em 1976, tive um acidente de viação: três dias em coma e algumas peças partidas, além daquelas que terão ficado avariadas de vez. Lembro-me perfeitamente de várias coisas, principalmente das mais agradáveis. Este texto, escrito quase 70 anos antes, fez-me recordá-las com... saudade!