domingo, 24 de fevereiro de 2008

Arqueologia da fumaça - II

Houve aí um vizinho que recebeu uma visita estranha: alguém googlou quantos maços de tabaco são precisos para matar uma pessoa e foi, sabe-se lá por que bulas, parar àquele blog.

Pois bem, resolvi fazer as contas ao meu caso particular. Assim por alto, nada de científico, bem entendido.

Ora bem. Comecei a fumar, por brincadeira, aí por volta dos seis ou sete anos. Não conta. Até aos doze ou treze, talvez, era assim uma coisa esporádica, de vez em quando, meio às escondidas; portanto, está fora, é melhor nem contar com isso. Mas pronto. Vamos apontar aí para os quinze ou dezasseis como a idade em que de facto comecei a fumar todos os dias, sistematicamente, pelo menos um maço por dia. Tenho a certeza absoluta de que em 1977 já fumava mais do que isso diariamente. Aos 20 anitos, já andava alegremente na média de 2 maços por dia. Aos 30, 3 maços. E ainda hoje, quase aos 50 de idade, a coisa ainda anda por aí.

Vamos, por conseguinte, arredondar as contas, a ver se facilitamos os cálculos ao tal senhor que pretende saber "quantos maços de tabaco são precisos para matar uma pessoa".

Então, temos: 30 anos, são 10.950 dias. A 2 maços por dia, dá um total de 21.900 maços. Isto vem a dar o bonito número de 438.000 (gramas ou cigarros), o que equivale, arredondando, a 438 quilos!

O que significa estar aqui este vosso amigo, não tarda nada, já praticamente sepultado debaixo de quase meia tonelada de maços de tabaco, o que, note-se, seria chato se não fosse cómico. Ou trágico, se olharmos aos números por outro prisma, o económico: de facto, se multiplicarmos o número de maços consumidos até hoje pelo preço facial actual, chegamos a uma cifra que daria para adquirir, por exemplo, um bom carro ecológico, uma casita na zona J de Chelas, ou uma piscina repleta de leite de burra (65.700 € dão para muita merda), com a agravante de que não teria enchido a mula aos gulosos do fisco, no processo, ao longo deste tempo todo.

Mas enfim, seja pelas alminhas, eu cá andava há que tempos curioso, e agora pronto, aqui fica o depoimento, aqui ficam as continhas. Que ninguém diga doravante que não sabe quantos maços de tabaco são precisos para matar um homem. São cerca de tantos, vezes xis, a multiplicar pela altura do homem, vezes a raiz quadrada da idade do pai da tia do dito homem, a dividir pelo número de beatas que o gajo consegue contar num cinzeiro cheio. É facílimo de calcular, como se vê. Ou é isso, ou então é encher uma caixa de chumbo com maços de tabaco, içá-la com um guincho ao alto de um prédio, meter um homem por baixo do guincho e largar a caixa lá do alto para cima do dito homem. Aí, é garantido. Pum. Morreu. Foi do tabaco.

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